sexta-feira, 13 de junho de 2008

Brigadeiro José Carlos Pereira

Diálogo Aberto - Brigadeiro José Carlos Pereira afirma: “É hora de encerrar o segredo sobre os UFOs”


A seção Mensagem do Editor da edição passada foi publicada com o título Militares Confrontados Pelos Ufólogos se Contradizem Sobre os UFOs, comentando o fato de que autoridades das Forças Armadas têm repetidamente dado declarações infelizes e desencontradas sobre o tema. O personagem central da questão, agora, era o brigadeiro José Carlos Pereira, que, confrontado com as afirmações dadas por este editor em entrevista ao site O Globo Online, em 29 de janeiro – de que a Aeronáutica teria centenas de registros de ocorrências ufológicas no País –, teve uma reação inusitada. Embora confirmasse a existência dos arquivos secretos sobre UFOs em poder da Aeronáutica, Pereira disse que “todos sabem que os discos voadores não existem”, garantindo também que “os ufólogos vão se decepcionar com os registros”. Foi uma grande surpresa para os estudiosos do Fenômeno UFO no País, que tinham Pereira como uma das figuras mais favoráveis à realidade da presença alienígena no meio militar brasileiro.

A certeza dos ufólogos quanto à intimidade do brigadeiro com discos voadores decorre de alguns posicionamentos que o militar adotou publicamente no passado, de franca receptividade, atenção e até mesmo de interesse pelo assunto. Pereira é, de longe, o membro de nossas Forças Armadas que mais se pronuncia sobre o Fenômeno UFO. Tanto que, em entrevista ao deputado Celso Russomanno, apresentada no programa Circuito Night And Day, em 19 de janeiro de 2002, o militar chegou a mostrar no ar um livro de registros de casos ufológicos mantido na sede do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), em Brasília, órgão que comandou. Apenas naquele ano, o livro contava com mais de 90 episódios de “tráfego hotel” sobre o País, como são chamados pelos militares os casos de UFOs captados por radar. Pereira apenas não permitiu a Russomanno que abrisse o livro diante das câmeras, por ser confidencial.

Outra circunstância já bem conhecida de todos ocorreu durante o encontro oficial – e inédito – que os integrantes da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) tiveram com militares da Aeronáutica, em 20 de maio de 2005. No fim do encontro, que durou quase cinco horas, o próprio brigadeiro José Carlos Pereira escoltou os ufólogos até a saída do prédio do Comdabra. Durante a despedida, ao ser presenteado com alguns exemplares da Revista UFO, falou: “Agradeço o brinde, mas informo que sempre compro a publicação nas bancas de Brasília”. Informalmente, e sem qualquer restrição, Pereira confirmou aos ufólogos seu grande interesse e elevado nível de informação sobre o assunto. Assim, diante de um posicionamento como este, soou contraditório, para dizer o mínimo, que o brigadeiro tenha dado a inusitada declaração ao O Globo Online, em resposta à afirmação de que a Aeronáutica tem mesmo arquivos secretos sobre UFOs.

Desvendando a contradição

“Não é fácil para os militares admitirem sua inoperância e falta de capacidade de controlar nosso espaço aéreo, quando os ‘invasores’ são discos voadores”, declarou Marco Antonio Petit, co-editor da Revista UFO, tentando entender a manifestação negativa de Pereira. “O brigadeiro pode ter sido instruído a reverter seus depoimentos favoráveis ao Fenômeno UFO, dados anteriormente, numa tentativa de esconder importantes documentos”, analisou Fernando de Aragão Ramalho, conselheiro especial da publicação. Pode ser, mas o fato é que o desapontamento dos estudiosos com a resposta do militar ao O Globo Online tinha uma justificativa clara. É de conhecimento geral da Ufologia Brasileira que, se alguém na hierarquia militar tem informações concretas sobre a existência e materialidade dos UFOs, além de sua procedência inquestionavelmente extraterrestre, este alguém é ninguém menos do que o brigadeiro José Carlos Pereira. Até tempos atrás, aliás, ele nem sequer fazia questão de esconder o que os militares sabiam sobre o assunto.

E foi assim, neste clima de surpresa e perplexidade na Comunidade Ufológica Brasileira, que a edição UFO 140 foi lançada no começo de março estampando a matéria Militares Confrontados Pelos Ufólogos se Contradizem Sobre os UFOs. Porém, quase simultaneamente à chegada da edição às bancas, a situação se reverteu drasticamente, quando, para nossa surpresa, o brigadeiro José Carlos Pereira aceitou conceder uma entrevista exclusiva à Equipe UFO, na qual mostraria a realidade dos fatos. A entrevista se concretizou em 08 de março, em Brasília, e ofereceu a oportunidade ímpar, para a Ufologia Brasileira, de esclarecer definitivamente a posição do militar quanto ao assunto. Mais do que isso, permitiu a todos conhecer em detalhes seu pensamento sobre diversos aspectos relativos ao Fenômeno UFO, notadamente no que se refere à Aeronáutica, à Segurança Nacional e as reações que o meio militar brasileiro tem quanto ao tema. Foi um diálogo histórico e significativo para desfazer por completo o mal-estar anterior.

“Estou inteiramente à disposição dos ufólogos da Revista UFO e será um prazer atendê-los a qualquer instante”, declarou Pereira ao aceitar o convite, formulado em nome da Equipe UFO por Fernando Ramalho, que também se surpreendeu com a receptividade do militar. “Pensei que fosse ter que convencer o brigadeiro da importância que suas declarações têm para os ufólogos brasileiros, mas não foi necessário, pois ele estava ciente disso e queria realmente colaborar”, disse Ramalho. “Sempre respeitei o trabalho desta publicação e desejo contribuir para o movimento que ela realiza, visando à liberdade de informação ufológica no País”. Mesmo dias antes de definida a data da entrevista, já se estimava que ela teria, após publicada, impacto semelhante à outra ocasião histórica da Ufologia Brasileira, em que a Revista UFO também esteve diretamente envolvida: a entrevista com o coronel Uyrangê Hollanda, em 1997, onze anos atrás.
Para a publicação, esta seria a oportunidade não somente de conhecer as idéias de um dos mais brilhantes militares do País, mas também de atraí-lo para o movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, o que foi feito. “É hora de serem liberados todos os segredos sobre este assunto no Brasil, estejam em que bases aéreas estiverem, e vou trabalhar para isso”, declarou.

Toneladas de documentos

Como se verá na entrevista, o brigadeiro Pereira chegou a mencionar que, há poucos anos, quando foram destruídos documentos secretos da época da Ditadura Militar na Base Aérea de Salvador, ele determinou que todos os que restaram fossem centralizados em Brasília, e isso teria resultado em mais de 14 toneladas de papel. “Quanto disso tudo o senhor estima que sejam documentos ufológicos?”, perguntei ao militar. “Não posso dizer com precisão, mas não é pouca coisa”. Pouco a pouco, na entrevista, que teve mais de 100 perguntas e durou cerca de quatro horas, o militar foi mostrando a seriedade com que vê o assunto e sua pesquisa, e confiou aos entrevistadores – este editor e os conselheiros especiais da Revista UFO Roberto Affonso Beck e Fernando de Aragão Ramalho – importantes informações. A entrevista será publicada em duas partes, nesta e na próxima edição.

Confira a entrevista com o brigadeiro José Carlos Pereira e esta matéria na íntegra adquirindo a Revista UFO 141 nas bancas.

Veja os principais pontos da entrevista:

UFO — Brigadeiro, o senhor tem sido o militar brasileiro graduado que mais se manifesta sobre UFOs na imprensa, tendo dado várias entrevistas, quase sempre de uma maneira muito aberta, muito natural. A que se deve sua posição quanto ao assunto?
Pereira — Eu acho que esta é uma questão de doutrina pessoal. Eu defendo a tese de que não pode e não deve existir assunto fechado para a humanidade. Um assunto, por mais extravagante e por mais bizarro que possa parecer, precisa ser sempre analisado e investigado. Galileu que o diga, Copérnico que o diga, e tanto outros cientistas que o digam. Então, acho que nem o ser humano, nem qualquer instituição têm o direito de fechar as portas para a discussão de qualquer assunto, seja de natureza científica, política, social ou religiosa. Nem mesmo para a Ufologia, que eu classifico no campo da ciência. Esta é uma visão pessoal minha, que mantenho até hoje.

UFO — Para manter este posicionamento aberto, o senhor já teve alguma experiência ufológica, ou seja, a observação de algum objeto que pudesse considerar que foge a uma explicação ordinária?
Pereira — Como aviador, durante 40 anos, voei pelo mundo afora e vi muitas coisas, mas todas com alguma explicação científica. Vou dar um exemplo: quem já viveu a experiência de ver o pôr-do-Sol a 40 mil pés [Cerca de 13 km] sobre uma camada de nuvens cirrus, sabe que esta é uma coisa maravilhosa, que forma um reflexo verde no horizonte. Então, há coisas fantásticas por aí, mas com explicação imediata. Quem conhece um pouco de aviação e de meteorologia consegue entender o fato na hora. Quem não conhece, pode consultar depois e descobrirá a explicação. Desta forma, eu tive muitas visões estranhas, todas explicadas cientificamente. Mas há coisas para as quais eu não tenho explicação científica ainda, seja por desconhecimento ou ignorância minha, ou porque a ciência ainda não chegou ao ponto de esclarecê-las. Não tenham dúvida alguma quanto a isso: se há alguma coisa inexplicável hoje, um dia não será mais. Seja esta explicação algo que remete a uma natureza terrestre ou não.

UFO — O senhor tem algum parente, comandado ou amigo que já relatou algum avistamento que possa ser enquadrado dentro da categoria dos discos voadores?
Pereira — Olha, comandei muita gente na Força Aérea Brasileira (FAB) e várias vezes ouvi relatos de companheiros e pilotos. “Hoje eu vi uma coisa estranha no céu”, sempre alguém me dizia. Na maioria das vezes nós sentávamos para discutir, e geralmente encontrávamos alguma explicação para tais avistamentos. Mas esta pergunta tem relação com o que falei há pouco: por que nós não conseguimos explicar certas coisas? É porque ainda não sabemos o que são, mas um dia saberemos [Dando ênfase].

UFO — Mas algum desses fenômenos que permanecem inexplicados, seja por falta de compreensão de sua natureza agora ou no futuro, o senhor poderia considerar como tendo origem externa à Terra, algo que pudesse vir de fora?
Pereira — Olha, é difícil você fazer uma afirmação dessa. Mas existem fenômenos que são mistério, que permanecem sem explicação. Vou citar um exemplo: um objeto que se move aparentemente sem propulsão e contra o vento, dá o que pensar, não dá?

UFO — Sim, e os discos voadores fazem isso...
Pereira — Um avião também faz isso, voa contra o vento, lógico. Agora, como explicar um balão, que não tem propulsão própria e é conduzido pelo vento, ir na direção contrária a ele? O primeiro passo é saber como flui o vento na altitude que o objeto está, e este é um dado sobre o qual temos controle, através da meteorologia. Por exemplo, eu sei exatamente qual é o vento numa determinada altitude e posso estimar se o balão está contra ele. Coisas desse tipo são questões que aparecem e não têm uma explicação no momento.

UFO — Já foi dito que o senhor é dono da chave do cofre onde se encontram os segredos ufológicos brasileiros: documentos, fotos e filmes feitos em várias circunstâncias, por militares servindo em várias bases aéreas, às vezes acidentalmente, às vezes em missões secretas, como durante a Operação Prato. O que esses segredos revelariam?
Pereira — Veja, eu sou um homem que trabalha com ciência, que tem um cérebro muito científico. Se você colocar a idéia de que seres extraterrestres estão aqui, que estão nos visitando e investigando, que estão fazendo alguma coisa que nós não sabemos exatamente o que é, sua tese bate de frente e contraria completamente a razão científica. Sim, porque, até onde sabemos, no nosso Sistema Solar, pequenininho, não há qualquer indicação da existência de vida, exceto na Terra. Fora do nosso sistema, a estrela mais próxima é Alfa do Centauro, a 4,3 anos-luz de nós. A nave Voyager, por exemplo, que está há 30 anos no espaço, vai levar 93 mil anos para chegar próximo a Alfa do Centauro. Assim, é difícil imaginar que alguém ou alguma coisa pudesse chegar aqui na Terra, vindo de fora do Sistema Solar.

Conhecimento atual

UFO — E se houvesse uma tecnologia muito mais avançada do que a nossa?
Pereira — Sim, veja bem, eu estou pensando com o conhecimento que detemos hoje em nosso planeta, com o conhecimento que a nossa ciência atual possui. Esta é a ressalva que devemos fazer. Por isso, considerando apenas este conhecimento, eu nego toda e qualquer possibilidade de alguém vir de fora para cá. E a coisa se complica quando se vai mais longe, pois Alfa do Centauro não parece ser um sistema planetário. Vamos então para o local do universo que os astrônomos chamam de “zona habitável”, que parece estar a muitos anos-luz da Terra. Se sabemos que o Sol tem cerca de 5 bilhões de anos, quem estivesse num planeta lá na tal zona habitável, olhando para cá num telescópio, estaria vendo apenas a formação do Sol. Da mesma forma que, olhando hoje para uma galáxia a dezenas ou centenas de anos-luz
da Terra, vamos ver coisas que aconteceram há muito tempo.

UFO — Para o senhor, o entendimento desta situação estaria fora de nosso controle?
Pereira — A questão, hoje, é o nível de tecnologia de que dispomos para entender o universo. Eu não descarto que alguém possa ter avançado um bilhão de anos na nossa frente, em algum lugar. Por outro lado, com a tecnologia que nós temos hoje na Terra, precisamos negar peremptoriamente a possibilidade de que alguém de fora do Sistema Solar tenha possibilidade de chegar até aqui. Mas volto a repetir, com humildade, que acredito que nosso conhecimento deve ser ainda [Novamente dando ênfase] insignificante para entendermos tudo isso. Haja vista o que aconteceu nos últimos 100 anos, com descobertas que vão da penicilina ao avião.

“ Eu acho que, no momento em que o Governo abre alguma coisa, acaba o receio de todo mundo quanto aquilo e as coisas começam a ficar transparentes. Ninguém tem medo da transparência, todos têm medo do que é opaco. Então, acho que a abertura ajuda sim, e tem um efeito favorável muito grande nesta discussão (...) Desde que não haja comprometimento da Segurança Nacional ”

“ Não há nenhum motivo para manter os arquivos ufológicos em sigilo. Nenhum. A liberação não expõe o País a uma guerra, não vai provocar pânico na população, não coloca em risco a Segurança Nacional e nem atinge a privacidade de pessoas eventualmente citadas neles. Isso é o que temos que ter em mente. Se não vai afetar nenhuma destas questões, então revela! ”

“ Li com atenção a entrevista que a Revista UFO fez com o [Coronel Uyrangê] Hollanda (...) Outro dia, um colega da minha turma me passou uma cópia dela e eu disse a ele: ‘Cara, você acha que eu não tenho isso? Tenho uma cópia aqui há muito tempo?’ (...) O que o Hollanda relatou é verdade (...) Ele era um homem sério e não seria capaz de alterar um conteúdo, ainda mais daquela importância ”

Leia esta entrevista na íntegra adquirindo a Revista UFO 141 nas bancas.
Autor: A. J. Gevaerd
Fonte: UFO 141



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