Por Hélio Contreiras
Houve um dia em que o Brasil quase declarou guerra aos Ovnis. Corria o ano de 1986 e o País experimentava a euforia do Plano Cruzado. Pouco antes das 8 horas da noite de 19 de maio, no entanto, um alvoroço provocado não por razões econômicas sacudiu o gabinete do então ministro da Aeronáutica, brigadeiro Otávio Moreira Lima. A bordo de um avião comercial que se preparava para pousar em São José dos Campos, a cerca de 100 quilômetros de São Paulo, o presidente da Embraer na época, coronel Ozires Silva, dera o alarme. Avistara pela janela da aeronave a movimentação de três luzes no horizonte - de cor vermelha, verde e branca. "Ozires achou aquilo muito estranho. Certamente, não eram estrelas, nem aviões, muito menos ilusão de ótica", conta Moreira Lima, hoje com 66 anos, em sua sala no Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, que ele preside, no centro do Rio de Janeiro. Ozires mandou o piloto comunicar imediatamente o fato ao controle aéreo de São Paulo, sediado no aeroporto de Congonhas. Tão logo o radar confirmou a presença de pelo menos 20 Ovnis, o telefone tocou na mesa do ministro da Aeronáutica. "Na dúvida, acionei o Comando de Defesa Aérea. Afinal, estava em jogo a segurança nacional", lembra Moreira Lima. Dois caças supersônicos Mirage decolaram da Base Aérea de Anápolis (GO). A quase mil quilômetros de distância, na Base de Santa Cruz (RJ), outras duas aeronaves F-5 levantaram vôo. O objetivo da missão: perseguir os Ovnis. "Mesmo porque, se fossem aviões estrangeiros que estivessem sobrevoando nosso território sem autorização, teríamos que dar uma pronta-resposta”. Só que os Ovnis aceleraram a marcha em direção ao Oceano Atlântico e deixaram nossos caças para trás. Sumiram sem deixar vestígios.
A declaração de guerra aos prováveis ETs em 1986 faz parte de um arquivo secreto da Força Aérea sobre Ovnis, cuja existência é confirmada pelo próprio brigadeiro Moreira Lima. Até a década de 70, os sinais que apareciam nos radares sem explicação lógica eram classificados como "anomalias eletrônicas", lembra o ex-ministro Sócrates Monteiro. Em 1976, contudo, o Estado-Maior da Aeronáutica passou a guardar em um arquivo secreto os relatos. Oficiais admitem que possa haver mais de uma centena de casos.
Indícios e registros
O piloto Gerson Maciel de Britto, 61 anos, da aviação civil, foi protagonista de um caso de Ovni que faz parte do arquivo secreto da Aeronáutica e que, segundo ele, "comprova a existência de aeronaves de outro planeta". Em 8 de fevereiro de 1982, Britto estava no comando de um Boeing 727, vôo 169, da Vasp - que decolara de Fortaleza e se dirigia a São Paulo -, quando viu luzes fortes, que pareciam faróis de um avião. Durante uma hora e 25 minutos o avião foi acompanhado pelo objeto não identificado, cujos sinais foram captados por um radar do sistema Dacta. O Ovni também foi visto pela tripulação de um Boeing 747 da Aerolineas Argentinas e pelo piloto de um jato da Transbrasil. Britto diz que o Ovni se deslocava em grande velocidade, o que dificultava a sua identificação.
Há episódios mais recentes. Em 1992, as tripulações de dois aviões comerciais foram surpreendidas pela presença de Ovnis no trecho entre Curitiba e São Paulo. Comunicaram ao controle da Aeronáutica, em Brasília, que também constatou os sinais dos objetos em seus radares, confirma o comandante Luiz Fernando Collares, presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas. "Nunca soube que um objeto desses tenha causado transtorno à aviação civil brasileira. Se eles realmente existem, operam em altitude bem superior aos dez mil metros em que voam nossos aviões comerciais", garante Collares, gaúcho de 45 anos.
"Há indícios, eu diria até registros, de que sondas de outros planetas já surgiram no espaço aéreo brasileiro", diz o coronel-aviador Ronaldo Jenkins Lemos. "Os Ovnis não podem ser tratados como mera superstição. Nos EUA, tanto a Força Aérea quanto a Nasa pesquisam o assunto. Alguém dúvida da credibilidade dessas instituições?", pergunta.
Fonte: Planeta
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